quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Palmas

Num quarto,
todo azul.
4 assobios.
Um pedaço de prego enferrujado,
em cima do tapete de papel reciclável.
Algum som irreconhecível,
de um instrumento não existente.
Uma cara de cobra.
Um vaso de cinzeiro.
4 palmas.
Uma chave que nem tem mais porta,
e o bolso esquerdo de alguém.
Um soluço, alguém chora.
A maçaneta da porta do opala.
Cartas de amor inacabado.
Uma pena de pato.
Era a sala do maior submarino amarelo do mundo.
4 soluços.

Sou daltônica.


Gabriela Q. Nemitz

Pra mais te quero

Me sinto frágil quando te vejo,
mas quando te penso já não te quero.
Não te quero bem menos do que te desejo.
Meu coração navega em mares de pranto
ao sentir teu beijo que já não tenho.
E ao passares meu mundo queria
que dediques do teu pouco encanto
um olhar nem que seja de canto.
Quero falar, mas me retenho.
Que lindo seria esse mundo se fosse
tua alma tão doce mas não tão exposta
um pouco da minha que só demonstra
que me fazes bem sem mesmo ter-te.
Queria dar-te do meu chamego
um pouco de vida se eu ao menos tivesse,
e que os verões sejam gratos,
os invernos indispensáveis.
A minha vida de deixa pra lá
de tanto querer-te.



Gabriela Q. Nemitz